O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), será a
grande personalidade nacional agraciada neste ano com a Comenda da Ordem do
Mérito Anhanguera, maior honraria concedida pelo Estado de Goiás, em evento que
acontece na próxima sexta-feira (26). Ainda que a presença do presidenciável
socialista dependa de confirmação oficial, a homenagem é uma retribuição do
governador goiano Marconi Perillo (PSDB) a encontro ocorrido no Recife no
último dia 8.
No convescote do Campo das Princesas (sede do governo
pernambucano), Campos e Perillo conversaram sobre temas econômicos, como a
reforma do ICMS. Teriam tratado de política de forma genérica, “impressões
sobre o atual cenário político nacional” segundo as declarações oficiais. Nos
bastidores, porém, aprofundaram na possibilidade de uma parceria efetiva para
as eleições de 2014.
Da parte de Campos, interessaria fazer-se presente em nível
regional, no que Perillo agora lhe auxilia com a concessão da Comenda do
Anhanguera. O evento mobiliza os poderes do Estado com a transferência festiva
da Capital para a Cidade de Goiás, patrimônio cultural da humanidade pela
Unesco.
A homenagem é suprapartidária e já destacou figuras como os
petistas José Eduardo Cardozo (ministro da Justiça) e Tarso Genro (governador
gaúcho) e os tucanos Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin.
A aproximação com Perillo também atende à necessidade de
Campos de arregimentar apoios entre as lideranças do PSDB já prevendo a
eventualidade de um segundo turno nas eleições presidenciais.
Pelo lado de Perillo, a intenção é se aproximar do
governador pernambucano visando distender a relação com o PSB regional agora
que o partido saiu do arco de influência do empresário José Batista Júnior, o
Júnior do Friboi, pré-candidato a enfrentar o tucano nas urnas de 2014.
Atualmente o PSB está sob o controle do empresário Vanderlan
Cardoso, também pré-candidato ao governo de Goiás e que já enfrentou Perillo
nas urnas em 2010 (o tucano venceu e o então republicano ficou em terceiro com
perto de 16% dos votos).
Com seu potencial de votos mantido segundo as pesquisas,
Vanderlan é cobiçado como o vice ideal pelo governador tucano. Não raro surgem
boatos sobre uma composição (especulações rapidamente desmentidas pelo
empresário). Perillo, porém, se contentaria muito bem com o apoio em um
eventual segundo turno.
Até o ano passado, Vanderlan figurava no arco de alianças
das oposições a Perillo. Filiou-se ao PMDB com as bênçãos de Iris Rezende com a
suposta garantia de que teria autonomia dentro do partido para trabalhar seu
nome ao Palácio das Esmeraldas. Confrontado com as dificuldades, especialmente
na resistência de Iris em ceder o controle da legenda, desfiliou-se em clima
nada amistoso. Vanderlan foi ingênuo de pensar que receberia a megaestrutura
peemedebista de mão beijada e iludiu-se com a suposta abertura de Iris para a
renovação.
Vanderlan também se indispôs com o PT depois de declarar
apoio a Paulo Garcia na disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2010 e não ter a
“valorização” que pensou que teria na estrutura da campanha.
Resultado, Vanderlan (cujos negócios – indústria alimentícia
– estão baseados em Goiás e em Pernambuco) chegou ao PSB pelas mãos de Eduardo
Campos num retorno ao seu projeto original de terceira via.
Curiosamente, o neossocialista aliou-se ao campo mais
conservador da política goiana, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), numa
composição tão improvável que só fomenta as investidas de Perillo.
Em tempo: das últimas quatro eleições, em três Caiado marchou
ao lado do PSDB perillista. Exceção para 2006, quando lançou o ex-senador
cassado Demóstenes Torres, que obteve humilhantes 3,5% dos votos.
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