Marconi Perillo (PSDB) estará fora dos gabinetes em
setembro. O governador goiano cancelou toda sua agenda prévia para o mês e vai
percorrer 80 municípios do Estado, além da Capital, para vistoriar e inaugurar
obras e entregar benefícios. A informação é da jornalista Suely Arantes, na
coluna Fio Direto, do Diário da Manhã, nesta sexta-feira (30).
O rush de Perillo pelo interior atende a uma estratégia. O
governador vai apostar no "obrismo" para poder confrontar o melhor do
discurso dos adversários peemedebistas, notadamente o ex-prefeito Iris Rezende.
O PMDB sempre reivindicou os louros de ter criado grande parte da
infraestrutura de Goiás nas administrações do partido nas décadas de 80 e 90.
A agenda positiva do tucano, de fato, já começou. Hoje mesmo
ele está na cidade de Morrinhos, onde entrega obras de saneamento e acerta a
licitação para construção do Credeq no município.
A principal vitrine de Perillo no quesito infraestrutura é o
programa Rodovida, que está reconstruindo as estradas do Estado. Neste ponto
específico, o PMDB passou a evitar o assunto buraco. A tática das críticas
acabou por estimular o governo a cumprir as promessas para o setor rodoviário.
O esforço de Perillo na para foi tão grande que, mesmo em
campo oposto, o tucano conseguiu abrir as torneiras do Tesouro Federal para as
rodovias, através de financiamentos em bancos oficiais.
Ainda na infraestrutura, outra aposta do governador é o alto
investimento em obras de saneamento básico, também aproveitando a enxurrada de
recursos federais para a área.
Com o setor de obras sob controle, podendo se comparar em
realizações ao PMDB, Perillo vai jogar pesado naquilo que considera seu
diferencial: a promoção social e de uma política de desenvolvimento econômico,
de atração de investimentos, de geração de empregos, de qualificação de mão de
obra.
No social, destaque para o Renda Cidadã e a os programas
habitacionais (este também com uma mãozinha do governo Dilma, para desespero de
petistas e peemedebistas). O Renda Cidadã foi lançado no primeiro governo do
tucano e serviu de modelo para o Bolsa Família -- o próprio presidente Lula
reconheceu o pioneirismo de Perillo quando eram amigos, num passado distante.
O fato é que, se partir para disputa de seu quarto mandato
(a estratégia aponta para isso), Perillo vai pegar carona no bom momento da
economia local. Goiás tem crescimento no PIB maior que os índices do País,
ostenta o título de campeão nacional na geração de empregos e tem atraído novas
indústrias e investimentos. Até 2016, segundo o próprio governo, as políticas
de Perillo terão atraído R$ 30 bilhões em investimentos. Como diria a ministra
Ideli Salvatti, Goiás é a locomotiva do Brasil.
Este cenário econômico casa com a imagem que Perillo sempre
teve e fez questão de preservar e reforçar como um governador que trabalha para
trazer desenvolvimento ao Estado. Corroboram ainda para esta afirmação a
prioridade do governo estadual em criar e manter programas de qualificação
profissional, como o Bolsa Futuro e a Bolsa Universitária, este último vitrine
do tucano, que até o final de seu mandato terá beneficiado 120 mil estudantes,
além de dezenas de faculdades e universidades.
Servidor
Um gargalo que começa a surgir para Perillo, porém, é sua
relação com o servidor público. Tal ponto nunca foi problema para o tucano, que
sempre foi querido pela categoria. Mas, neste terceiro governo, o tucano criou
arestas com algumas categorias. A batalha do momento é a exigência dos
servidores do pagamento integral da data-base e 2012, mas o governo bateu o pé
e vai parcelar em quatro anos.
Para minimizar o problema com o servidores, Perillo tem
investido em negociações setoriais, concedendo progressões previstas em antigos
planos de cargos e salários para algumas categorias e enviando à Assembleia
atualizações nos planos para outras.
É o caso, por exemplo, do pessoal do Fisco (mas não só
eles). Projeto de lei encaminhado à Assembleia recentemente propõe alterações
na Lei n° 13.738, que institui a carreira de apoio fiscal-fazendário da Sefaz.
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O autor do projeto é o próprio secretário Simão Cirineu
Dias, ferrenho opositor do pagamento integral da data-base. Restrita apenas aos
fazendários, a proposta terá impacto nos anos de 2013, 2014 e 2015 de R$ 60
milhões.
Em relação aos servidores, a linha dominante no governo é
que, para categorias com alto impacto na folha (educação, polícias, saúde) será
muito caro garantir alguma vantagem daqui em diante. Eleitoralmente, portanto,
o esforço para retomar o bom convívio não seria compensador.
Apesar de tudo, Perillo acha que, na comparação com o PMDB,
o servidor ainda fica com ele.